Rosana Rios
Escritora
Toda vez que me perguntam quem me incentivou a seguir a carreira de escritora, respondo:
– O Lobo Mau, claro.
Tem gente que não acredita, mas é a pura verdade!
Quando eu era pequena, adorava histórias. Minha mãe e minha avó me contavam aventuras de João e Maria, Pedro Malasartes, Chapeuzinho Vermelho, Os Três Porquinhos… Eu amava ouvi-las e, quando aprendi a ler, reencontrei-as morando dentro dos livros.
O tempo passou, continuei apaixonada por contos de fadas e, já adulta, comecei a contá-los para os filhos. Meu primeiro filho gostava muito de ouvi-los, mas o problema é que ele só queria uma história: a dos Três Porquinhos. Dia após dia eu contava como o Lobo Mau assoprava, assoprava, e derrubava as casinhas de palha e madeira. Pois tanto falei nesse bendito Lobo que, um dia, enjoei. E resolvi: – Chega de Lobo! Hoje vou contar uma história que ninguém conhece.
E inventei um conto inédito para meu filho.
Não é que ele gostou? A partir daí passei a inventar histórias todo dia e comecei a escrevê-las. Não deu outra: acabei virando escritora. Até hoje, agradeço a ele – ao Lobo Mau! (Também agradeço ao meu filho, mas, mesmo depois de 34 anos de carreira e vários prêmios literários, o Lobo sempre terá um lugar especial no meu coração).
Meu primeiro livro não foi sobre lobos (foi sobre um dragão, outro bicho que adoro), mas já recontei as histórias dos Porquinhos e de Chapeuzinho para os pequenos. Para os jovens leitores, escrevi sobre gente que vira lobo: meus lobisomens têm feito sucesso, nos livros Sangue de Lobo (com a amiga Helena Gomes), Olhos de Lobo e Escrito em Vermelho, e outros contos assustadores. Ah, no lançamento de Sangue de Lobo lançamos a Uivoterapia! Não tem nada mais terapêutico do que juntar uns amigos e, juntos, uivarmos para a lua. Experimente… (Mas, por via das dúvidas, melhor que não seja na lua cheia!).