Márcia Menezes
Escritora e Ilustradora
Na minha infância, muitas histórias e arte eu pude aproveitar.
Tive uma avó que foi professora de crianças, e muitas delas aprenderam a ler por causa do ensino amoroso que ela ofereceu aos seus alunos.
Eu morei com meus avós. Cheguei na casa deles aos sete meses e, a partir daí, a minha vida ficou recheada de maravilhas!
O meu avô também era professor, e na nossa casa havia muitos livros, materiais de arte e uma lousa enorme no quartinho de brinquedos, dessas que se tem nas salas de aula. Ah!...Como eu gostava de desenhar naquela lousa!
A minha avó, era uma admirável contadora de histórias e uma desenhista excelente.
Imaginem como ela contava a história da “Chapeuzinho Vermelho”! Ela fazia voz fina na fala da menina, voz grossa na fala do lobo e eu ficava escutando atentamente.
A minha aflição era na parte do lobo comer a vovó! Então, suavemente ela mudava o conto; dizia que vovó da Chapeuzinho havia conseguido se esconder e que a menina chegou com os caçadores, que levaram o lobo para bem longe daquele povoado.
Ufa! Nem o lobo precisou passar por maus-tratos nessa história da minha avó!
Confesso a vocês, que esse lobo me dava um certo medo, por imaginar que ele chegasse perto da MINHA vovó!
Eu aprendi a ler aos 4 anos, por causa do jeito da minha avó contar histórias: ela mostrava as letras, as palavras e as figuras por muitas vezes; ela percebia como eu prestava atenção. Aliás, foi com a minha avó que eu também aprendi a desenhar.
Aos 5 anos, ganhei do meu avô um cavalete, telas e tintas, então, com muita euforia eu comecei a me sentir artista de verdade.
E foi isso que eu escolhi ser: uma artista de verdade.